Sim, eu gostaria muito de estar escrevendo mais um dos belos depoimentos que leio sobre pessoas que mudaram o rumo de suas carreiras e hoje são felizes no trabalho. Sim, eu gostaria muito de já saber qual é o caminho e compartilhar um pouco da minha experiência com outros tantos que ainda saem de casa todos os dias com o foco em trabalhar para ganhar dinheiro (apenas). Sim, eu gostaria de já estar olhando para trás e pensado: nossa, como é maravilhoso viver do que se ama!
Não. Este AINDA não é o texto que venho compartilhar e não tenho a resposta para todas essas questões. Alias, estou em busca dela também. E tenho reparado, pela quantidade de conteúdo relacionado a este tema que vem sendo divulgado e consumido a todo momento (com grande engajamento) que não estou sozinha nesta busca.
Sabe o que acho estranho? Que deixemos chegar a este ponto. Muitos de nós temos a opção de escolher o que fazer, o que estudar, no que se especializar. Quando somos mais jovens, muitas vezes ouvimos que devemos seguir o caminho do que gostamos, do que temos mais aptidão. Mas porque será que muitas vezes não dá certo? Por que será que quase todo mundo que você conhece tá nessa? Por que será que admiramos tanto alguém que consegue esta proeza de viver de algo legal? De não ter que planejar apenas os finais de semana como momento de viver? Ou algo mais inacreditável ainda: pessoas que conseguem viver enquanto trabalham, que conseguem unir essas duas coisas, que não fazem do trabalho um período separado de tudo, especialmente do prazer?
Me pego com frequência lendo sobre o tema e sobre coisas correlatas. Basta ver uma imagem ou título ligado a esta “dúvida existencial” que logo clico! Creio que seja uma maneira de descobrir logo a resposta. Mas sinceridade? Acho que isso não seja algo fácil de saber não. Entendo como um caminho que temos que percorrer. Começando pelo autoconhecimento, por entender toda essa confusão que passa na cabeça, uma série de sentimentos. E esses textos, esses conteúdos todos ajudam sim, não dão respostas imediatas, mas guiam, iluminam alguma coisa na cachola pra que ela comece a tomar outros rumos.
Talvez se pudéssemos arriscar mais. Testar mais. Vivenciar mais experiências distintas. Fazer mais estágios, pular mais de um emprego pra outro, pra saber mais na prática o que pode ser legal ou não. Mas o tempo passa rápido. Quando você percebe já não tem mais 20 anos, já casou, tem filhos, responsabilidades que exigem grana. Daí você olha pro mercado e lá estão milhões de pessoas em busca do trabalho só pra pagar conta mesmo. E você pensa: nossa, melhor assim, pelo menos isso eu tenho... E essas experiências todas vão ficando de lado, dão lugar a necessidade do trabalho pra pagar conta mesmo, pras necessidades do dia a dia.
Mas aí depois de muito ler e consumir sobre o assunto, o Dr. Google não te deixa esquecer que você não ama o que faz, ou que algo não tá tão legal assim, que poderia ser muito melhor, mais prazeroso. Poderia não ser só trabalho. E começa a te mostrar uma infinidade de textos, cursos e tudo mais que possa te levar a felicidade no trabalho. E aí? O que fazer? Tocar o barco agradecendo por ainda não estar no mercado junto aos outros milhões de desempregados? Ou continuar em busca de respostas e atrás de um caminho que culmine numa segunda-feira feliz? Catarina Pierangeli explicou aqui o sentimento que toma conta de muita gente no fatídico domingo à noite. Algo sério, que nos consome, nos limita.
Eu particularmente escolhi uma mistura das duas opções. Sou sim grata por não compor os exorbitantes números de pessoas sem trabalho em meio à crise que enfrenta nosso país. Mas escolhi não deixar que estes e outros cenários me paralisem. Podemos enxergar aprendizado e somar experiências, ao invés de deixar a tristeza e falta de sentido tomar conta da gente. Ouvi numa live com a Rafa Cappai (alô Rafa, não encontrei textos seus por aqui, se ainda não está fazendo devia, você é muito phoda!) que até mesmo em trabalhos onde as coisas não andam tão legais é possível gerar coisas boas pra gente, como aprendizado e o principal: gratidão! Gratidão por poder estar ali aprendendo algo, mesmo que seja como não fazer...
Acredito que o caminho seja seguir em frente, lendo muito, consumindo coisas e seguindo pessoas que inspiram, fazendo cursos que possam auxiliar. Em meio a essa chuva de conteúdo, tem hora que dá vontade de fechar tudo, desacreditar. É muita coisa, e não é fácil achar o caminho. Via muitos cursos, o Dr. Google me mostrava vários, e eu pensava que não daria em nada. Mas iniciei um há alguns dias, ainda estou no começo, mas tem me ajudado sim. Tem me feito pensar em coisas que eu não estava pensando, tem me ajudado e enxergar melhor quais são as minhas possibilidades, porque existem várias! Para cada um que se encontra com este sentimento hoje existe uma solução única, porque somos únicos, cada um com sua habilidade, suas paixões!
E isso tudo não quer dizer que você tenha que mudar totalmente de carreira, às vezes o que falta é se desenvolver onde está. Gerar crescimento e novas oportunidades ali mesmo.
Então vá em busca, não fique parado. Não se conforme. É fácil? Rápido? NÃO. Mas é assim mesmo. Não sei exatamente porque tantos estão assim. A resposta mais razoável que tenho, ainda que rasa, seria essa falta de oportunidade, de orientação, de um mercado menos ingrato, com mais oportunidades, pra que pudéssemos nos aventurar mais. Mas é algo complexo de se mudar (ainda mais com as cenas que temos visto a cada dia protagonizadas no cenário político/econômico por aqui). Precisamos seguir em frente, mesmo que devagar, mesmo que ainda meio confusos. Pra quem sabe um dia, termos sim, a tão sonhada resposta para o que nos levou a escrever (ou ler) tudo isso aqui.